O fim da Censura
Durante a maior parte do Regime Militar, o brasileiro teve que conviver com um órgão público que filtrava a produção jornalística e cultural veiculada no país. Criado em 1968, cortava cena de novela, proibia filmes, vetava músicas. Até que, nos anos 1980, a ditadura já estava pra acabar, Evandro Mesquita fez piada com tanta censura: “Que loucura! Você me corta tanto que parece a Censura! Ridícula!” (1983). Paulo Ricardo, irritado com uma paquera malsucedida, pagou pra ver: “Pois, acabou! Não vou rimar porra nenhuma! Agora, vai! Que eu já não quero nem saber se vai caber ou vão me censurar!” (1985). Léo Jaime fez até música para uma censora: “Eu tinha tanto pra dizer! Metade eu tive que esquecer! E, quando eu tento escrever, seu nome vem me interromper!” (1985). De bônus, Roger e o corte de certas cenas: “Proibido pela Censura, o decoro e a moral! Liberado e praticado pelo gosto geral! Pelado, todo mundo gosta, todo mundo quer! Ah, é? É!” (1987). (Texto de Márcio Salema)
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1
A censura corta
“Que loucura! Você me corta tanto que parece a Censura! Que loucura! Eu já tentei de tudo, já fiz o que pude, mas não dá pra engolir a sua atitude! É, dessa vez você foi longe demais! Ridícula! Eu fico doente! Eu perco a saúde!”
'Ridícula’, de Evandro Mesquita e Ricardo Barreto -
2
A censura inibe
“Pobre de mim, invento rimas assim pra você, e um outro vem em cima! E você nem pra me escutar! Pois acabou, não vou rimar porra nenhuma! Agora vai! Que eu já não quero nem saber se vai caber ou vão me censurar! Será?”
'Olhar 43’, de Paulo Ricardo e Luiz Schiavon -
3
A censura cala
“Eu tinha tanto pra dizer! Metade eu tive que esquecer! E, quando eu tento escrever, seu nome vem me interromper! Eu tento me esparramar! E você quer me esconder! Meus dentes rangem por você! Solange!”
'Solange’, versão de Léo Jaime e Leoni -
4
A censura proíbe
“Proibido pela Censura, o decoro e a moral! Liberado e praticado pelo gosto geral! Pelado, todo mundo gosta, todo mundo quer! Ah, é? É! Pelado, todo mundo fica, todo mundo é! Indecente é você ter que ficar despido de cultura!”
'Pelado’, de Roger Moreira
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