O samba é um dos poucos ritmos musicais que sobrevivem ao tempo. Viu vários ficarem pelo caminho. E, por pouco, não ficou também. Em meados do século passado, foi perdendo sua originalidade ao se misturar com ritmos norte-americanos. Ora com o rock: “Aí eu vou misturar Miami com Copacabana! Chiclete eu misturo com banana! Eu quero ver a confusão! Olha aí o samba–rock, meu irmão!” (Jackson do Pandeiro). Ora com o jazz: “Pobre samba meu, foi se misturando, se modernizando e se perdeu! Cadê o tal gingado que mexe com a gente? Coitado do meu samba, mudou de repente! Influência do jazz!” (Leny Andrade). Foi preciso uma advertência: “Não me altere o samba tanto assim! Olha que a rapaziada está sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim!” (Paulinho da Viola). De bônus, deu certo: “Chega de rocks, fox-trotes e pinotes! Eu vou voltar pra cuíca, tocar tamborim! Eu quero um samba feito só pra mim!” (Os Cariocas). (Texto de Márcio Salema)