Poucas armas são tão poderosas quanto uma canção de protesto. Não dispara um tiro, mas penetra nos corações e mentes. Desperta, insufla, inflama. Foi o que fizeram várias canções, nos anos 1960, contra o Regime Militar. Denunciando a repressão: “Jogaram a viola no mundo, mas fui lá no fundo buscar! Se eu tomo a viola, ponteio! Meu canto, não posso parar! Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar!” (Edu Lobo). Incitando a resistência: “A voz que canta uma canção, se for preciso, canta um hino, louva a morte! Porta-bandeira, capoeira, desfilando, vão cantando! Liberdade!” (Marcos Valle). Criticando a passividade: “Eu quis cantar minha canção iluminada de Sol, mas as pessoas na sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer!” (Os Mutantes). De bônus, convocando a população: “Caminhando e cantando e seguindo a canção! Vem, vamos embora! Que esperar não é saber! Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!” (Geraldo Vandré). (Texto de Márcio Salema)